João Carlos Velasquez  O Cantor e compositor belavistense Ney de Sousa Pereira, nasceu em Bela Vista, 1º de agosto de 1941, mais conhecido como Ney Matogrosso, é um cantor e ator brasileiro, ex-integrante do Secos & Molhados.
Atualmente considerado um dos intérpretes brasileiros mais produtivos, o nome artístico Ney Matogrosso foi adotado somente em 1971, quando se mudou para São Paulo. Desde cedo demonstrou dotes artísticos: cantava, pintava e interpretava. Teve a infância e a adolescência marcadas pela solidão, e ao completar dezessete anos deixou a casa da família para ingressar na Aeronáutica, Ney ainda estava indeciso quanto à futura profissão. Gostava de teatro e cantava esporadicamente, mas acabou indo trabalhar no laboratório de anatomia patológica do Hospital de Base de Brasília, a convite de um primo.
Tempos depois foi convidado para participar de um festival universitário e chegou a formar um quarteto vocal. Depois do festival, fez de tudo um pouco, até atuou em um programa de televisão. Também concentrou suas atenções no teatro, decidido a ser ator. Atrás deste sonho, ele desembarcou no Rio de Janeiro em 1966, onde passou a viver da confecção e venda de peças de artesanato em couro. Ney adotou completamente a filosofia de vida hippie.
Ney Matogrosso desde ontem a noite (06.10) está em Bela Vista e acompanhado de uma equipe de filmagem, onde está rodando um documentário sobre a sua vida e concedeu entrevista ao jornalista João Carlos Velázquez, com duração de 15 minutos aproximadamente onde ele falou de suas lembranças, do seu sucesso e da vontade em dar um presente a sua cidade natal.
Sobre a sua vinda a Bela vista
Ney Matogrosso destacou que a finalidade de sua visita a Bela vista foi para que ele e a equipe da produção de seu documentário filmem parte de sua vida, isso é filmar os locais por onde andava e que nasceu, principalmente a fazenda de seu avo “Tatanxa”, no Distrito Nossa Senhora de Fátima (Nunca Te Vi) e a casa em que nasceu e residiu e que hoje ainda existe.
“Bela Vista foi o ultimo local da filmagem isso porque a cidade em si é muito especial, uma cidade única que representa o diferencial em minha vida – ressaltou Ney – Já fomos a vários locais do Brasil até mesmo em Portugal onde a equipe já filmou e estamos encerrando em minha cidade natal”.
Ney Matogrosso ainda destacou que o documentário é feito em película, porque ele quer que tambem seja exibido no cinema e não somente em televisão e assim que estiver pronto na meada do ano que vem poderá sim, ser exibido em Bela vista.
Sucesso e trabalho
Questionado sobre os seus sucessos e últimos shows, Ney Matogrosso destacou que está realizando o show “Beijo Bandido”, que está em cartaz desde setembro de 2009, onde acabou de gravar um DVD, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, que recentemente foi todo reformado e na sua opinião ficou muito lindo.
“São 37 anos trabalhando, 37 anos de profissão. Trabalho em um país que tem a memória curta e com mentalidade descartável. Hoje eu tenho uma carreira muito estável e vou cantando até quando agüentar e eu que pensava em parar, agora já não penso mais e isso somente acontecerá quando eu for impedido”, frisa Ney Matogrosso.
Presente para Bela Vista
Perguntado se ele daria um show de presente a sua cidade natal, Ney Matogrosso frisou que ele sempre pensou nisso, mas que não depende dele somente e sim de uma produção donde possa oferecer a ele condições para a realização, bem como o lugar para a realização e o lugar mais próximo que veio foi a Dourados e Bonito e Corumbá no Festival Internacional Latino Americano.
“Para que isso possa ocorrer é necessário que parta da produção interessada e que facilite essa chegada. Para eu fazer o Show trago tudo, aonde vem um caminhão com som, iluminação, instrumentos, enfim toda uma gama necessária para que o show seja realizado e o principal a cidade deve ter o local adequado para o evento. O show é muito bonito e adoraria poder oferecer a minha cidade natal esse evento, ele é muito interessante”.
Perguntado se haveria de ser um show gratuito, Ney Matogrosso destacou que da parte dele haveria sim possibilidade de gratuidade, no seu cachê, mas que tem 25 pessoas, componentes do show que são pagas, pois não há possibilidade deles trabalharem sem receber. “Já fiz vários shows beneficentes, mas sempre essas pessoas recebem pelo seu trabalho, eu mesmo abro mão do meu cachê”, concluiu Ney Matogrosso.
Lembrança de Bela Vista
Ney Matogrosso falou um pouco de suas lembranças de Bela Vista, cidade onde nasceu, que dela, apesar de muito tempo sem vir, lembra pouco, como por exemplo, de ruas de terras, bem como estradas de terra e seixos de rios na cidade, e apesar de ainda não ter entrado na cidade, já que está hospedando na Pousada água Doce, na entrada da cidade, já viu que muitas coisas estão diferentes. “Enfim a cidade está muito modificada a meu ver”, completou Ney.
Festival de Bonito
Com relação à Bonito, Ney Matogrosso, destacou a importância do Festival do Inverno, onde teve a oportunidade de participar por 2 vezes. “o festival em Bonito já tornou-se uma tradição, assim como o Festival das Américas em Corumbá, onde reúne muitos artistas da América Latina. Essas coisas que acontecem e são organizadas e me convidam eu venho sempre”, frisou.
Projetos Futuros
Ney Matogrosso ainda falou com relação aos seus projetos futuro e destacou especialmente o filme “Luz nas Trevas”, continuação do “Bandido da Lanterna Vermelha”, roteiro de Rogério Ganzela e a direção de Helena Inês. “Esse filme ainda está passando em festivais, ainda não está em circuito nacional, mas em breve passará e espero que Bela Vista como muitas outras cidades tenham a oportunidade de conhecer um pouco mais de meu trabalho”.
Cultura
Na questão de cultura, Ney Matogrosso, destacou que pode falar pouco do Estado de MS, mas ele acredita que Bela Vista, assim como Campo Grande são muitos carentes na questão cultural, “não falo aqui na questão cultural de Universidades, mas sim de manifestação artística que desenvolve a mentalidade do ser humano, dos movimentos culturais que acrescenta sempre o desenvolvimento e o sentido da gente.
É uma pena que não seja incentivado. Apesar de estarmos falando de um país com problemas sérios na questão da educação e saúde e que por mais dinheiro tenhamos, onde somos a 5ª economia do globo, temos ainda problemas muito graves. Não sei aqui em bela Vista e por isso não falo daqui, porque não conheço, mas falo de uma situação geral do Brasil, do estado de abandono na saúde e vergonhoso na educação. As pessoas não recebem estímulos e nada caminha.
Mas por outro lado, é conveniente que as pessoas não tenham uma educação, pois, assim elas não pensam e isso é muito triste ver, mesmo sendo uma potência econômica, mas sem educação e saúde. E outra coisa, por exemplo, saneamento básico, com exceção das capitais todo o interior tem problemas de esgoto a céu aberto”, concluiu.
Mensagem
Ney Matogrosso encerrando a entrevista destacou que “não se ente matogrossense, e sim brasileiro, a ele é muito estranho dizer isso, não tenho comigo esse negócio de ser matogrossense, pois, quando sai daqui, Mato Grosso era um só, não tinha divisão era um Mato Grosso só.
Agora é muito estranho quando chego próximo a Bela Vista, sinto que faço parte daqui, mas não sei dizer que sou daqui. Me criei no Rio de Janeiro, mas não me sinto carioca, não tenho o ufanismo de ser matogrossense, mas falo novamente que é estranho que quando aproximo de Bela Vista, sinto que eu ai pertenço ao Mato Grosso, aquela coisa nossa mesmo, como por exemplo o nosso biótipo, a nossa mistura que por aqui é outra e eu percebo que tenho essa mistura, no nosso biótipo, isso olhando as pessoas, em você, com tudo isso sinto a proximidade de minha cidade natal”, destacou Ney Matogrosso, encerrando a entrevista.
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